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REINALDO & JONAS

POR DOMINICK MAIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em meio à habitual agitação que rege a Praça do Ferreira, uma outra música, dessa vez atípica e clássica, é regida ao fundo. Para além dos muitos passos, carros de sons, conversas, transeuntes, buzinas e gritos em eco permanente no local histórico, ressoa o som agudo e doce de dois violinos. Quando se chega perto, o som se torna mais audível, claro, e belo. O par de violinistas, que antes chamavam a atenção pela melodia, agora impressionam também pela pouca idade que aparentam. Reinaldo dos Santos Lima, 23 anos, e Jonas Nascimento de Sousa, 18, são os dois músicos em questão, cujos talento e persistência são tão grandes quanto seus sonhos.

“Eu toco por prazer, por amor à música” – Jonas

Reinaldo e Jonas são amigos há muito tempo, e se conheceram, logicamente, através da música. Integrantes da Orquestra de Maranguape, e movidos pela mesma paixão, o violino, os dois têm histórias bem diferentes, que provam que, embora não se nasça músico, é possível nascer com a música dentro de si. Jonas é o caçula de uma família de músicos. E embora o fato sugira que foi mais fácil para o rapaz descobrir sua vocação, a escolha do instrumento certo não foi assim tão simples. Hoje, o garoto já não se lembra se foi o instrumento que o escolheu ou vice-versa, mas o som tirado pelo violino e arco em suas mãos provam que a escolha foi bem feita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já Reinaldo vem de uma família onde ninguém toca nenhum instrumento, e, durante muito tempo, o jovem também nunca havia demonstrado interesse por algum. Porém, tudo mudou quando, um dia, um colega da escola chegou na sala de aula com um violino em mãos. O amigo havia entrado na Orquestra de Maranguape, e contou para Reinaldo sobre o projeto, seu funcionamento e processo de inscrição. Naquele mesmo dia, relembrou Reinaldo, ele se matriculou. O rapaz também não sabe o que levou a tomar a inusitada atitude, mas, desde aquele dia, ele nunca mais parou de tocar.

 

Agora, tão entrosados no palco e na vida, faz apenas alguns dias que Jonas e Reinaldo começaram a tocar violino juntos na Praça do Ferreira. Reinaldo quer usar o dinheiro que conseguir para comprar um novo violino, pois o dele é para iniciantes, e ele deseja um instrumento profissional. Contudo, os dois explicam que não está sendo fácil passar muito tempo tocando na praça. Ficar o dia inteiro é muito cansativo para eles, que costumam ficar com dores nos pés e nas costas, devido à necessidade de manter a postura ereta ao tocar o instrumento. “Mas a vida de um músico não é fácil”, diz Reinaldo, e assim os dois meninos continuam a emendar música com música na manhã tão ensolarada e quente de Fortaleza. “Eu toco por prazer, por amor à música”, diz ainda, Jonas, ao unir-se ao colega na melodia.

 

Unidos pela mesma paixão, os dois sonham em cursar Faculdade de Música. Por enquanto, Reinaldo estuda Letras na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e planeja cursar Música após concluir a primeira graduação. Enquanto isso, Jonas, que acaba de sair do Ensino Médio, está esperando pelo início do período de matrículas para entrar oficialmente no Curso de Música da Uece.

“Eu quero ser aquele músico que toca a alma das pessoas através da música”. – Reinaldo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os dois sonham ainda em viajar e tocar pelo mundo todo, e embora ainda não tenham tocado fora do estado, costumam viajar pelo Ceará junto com a orquestra da qual fazem parte, para participar de festivais de música. Sair tocando pelo mundo seria incrível, de acordo com Jonas, e ser aquele compositor capaz de tocar a alma da plateia pela música é um dos principais objetivos de Reinaldo.

 

Conhecida pela variedade de manifestações artísticas e culturais que abriga, a Praça do Ferreira acaba de ganhar mais dois artistas, que embora tão novos, já se mostram autênticos e trabalhadores. E ao que parece, agora, o coração da cidade, que já batia no compasso da zabumba e do pandeiro, bate também ao som dos violinos.

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